Estarrecido, Adimirzinho tentou usar outra vez, sua espingarda. Mas, surpreendentemente, esta escapou-lhe dos braços, como se ganhasse vida própria, e elevou-se até as mãos descarnadas da velhinha.
Não houve tempo para pensar como aquilo fora possível. A velhinha já estava bem na frente de Adimirzinho com o cano apontado para ele. Imediatamente, a "assombração"engatilhou a velha espingarda e, com um sorriso que lembrava a Hebe Cagargo, ela disse, enquanto começou a apertar o gatilho contra o miserável ladrãozinho de foices valiosas:
-Gracinha!
De manhã, quando Lobisomem, Caapora e Bicho Cabeludo saltaram do beliche e o café não estava pronto, sentiram muita falta de Adimirzinho. Ele não havia retornado da caça. Resolveram pegar suas armas e ir atrás do quarto Rancorgue.
Somente depois de duas horas de caminhada, Caapora sentiu um cheiro fortíssimo. Não era cheiro de mato. Logo, todos eles deixaram-se levar pelo odor e , finalmente, encontraram o cadáver de Adimirzinho do Cabelo Cortado. Assim que se aproximaram, algo que parecia um besouro saiu correndo de dentro do seu nariz, como se fosse num filme, e desapareceu.
Os três ajoelharam-se diante do corpo e não impediram que lágrimas pingassem. Bicho Cabeludo passou sua mão grossa no rosto sem vida e disse:
-Você descansa, meu irmão. Mas nós, o restante dos Rancorgues não largaremos das espingardas enquanto não encontrarmos quem te furou desse jeito.
Levaram o corpo até a cabana e colocaram ele na cama. Procuram a coberta menos suja e puseram por cima. Guanxuma veio correndo lá de fora, latindo lastimosamente e ficou velando o falecido Adimirzinho. Primeiro, os Rancorgues se vingariam; Depois, enterrariam cadáver , com calma.
Com as espingardas atentas, vasculharam o matagal, durante a manhã e a tarde, mas não encontraram nenhum vestígio do assassino. À noite, com as mesmas armas preparadas, persistiram na busca. Dessa vez, levaram também o coitado do Guanxuma, que preferiria continuar atendendo o morto, mas que com algumas espingardadas no lombo, decidiu ir junto.
Não houve tempo para pensar como aquilo fora possível. A velhinha já estava bem na frente de Adimirzinho com o cano apontado para ele. Imediatamente, a "assombração"engatilhou a velha espingarda e, com um sorriso que lembrava a Hebe Cagargo, ela disse, enquanto começou a apertar o gatilho contra o miserável ladrãozinho de foices valiosas:
-Gracinha!
De manhã, quando Lobisomem, Caapora e Bicho Cabeludo saltaram do beliche e o café não estava pronto, sentiram muita falta de Adimirzinho. Ele não havia retornado da caça. Resolveram pegar suas armas e ir atrás do quarto Rancorgue.
Somente depois de duas horas de caminhada, Caapora sentiu um cheiro fortíssimo. Não era cheiro de mato. Logo, todos eles deixaram-se levar pelo odor e , finalmente, encontraram o cadáver de Adimirzinho do Cabelo Cortado. Assim que se aproximaram, algo que parecia um besouro saiu correndo de dentro do seu nariz, como se fosse num filme, e desapareceu.
Os três ajoelharam-se diante do corpo e não impediram que lágrimas pingassem. Bicho Cabeludo passou sua mão grossa no rosto sem vida e disse:
-Você descansa, meu irmão. Mas nós, o restante dos Rancorgues não largaremos das espingardas enquanto não encontrarmos quem te furou desse jeito.
Levaram o corpo até a cabana e colocaram ele na cama. Procuram a coberta menos suja e puseram por cima. Guanxuma veio correndo lá de fora, latindo lastimosamente e ficou velando o falecido Adimirzinho. Primeiro, os Rancorgues se vingariam; Depois, enterrariam cadáver , com calma.
Com as espingardas atentas, vasculharam o matagal, durante a manhã e a tarde, mas não encontraram nenhum vestígio do assassino. À noite, com as mesmas armas preparadas, persistiram na busca. Dessa vez, levaram também o coitado do Guanxuma, que preferiria continuar atendendo o morto, mas que com algumas espingardadas no lombo, decidiu ir junto.
Nenhum dos Rancorgues olhou no relógio,mas imaginaram que já passava da meia noite quando, viram o clarão fantasmagórico de uma fogueira.
Guanxuma latiu espavorido e ninguém conseguiu segurá-lo mais. Até Levou outras espingardadas, o que não foi o bastante para mantê-lo no grupo. Escapou dos caçadores e, em desespero, correu até a cabana.
Os Rancorgues não se incomodaram muito com a fuga de Guanxuma. O importante era que a busca havia chegado ao fim. Perto da fogueira estava a velhinha de foice nas costas. Só poderia ser ela a matadora.
-Quietos! Tem alguém lá e está de costas para nós. Vamos atacar – disse Lobisomem agachando-se entre as árvores.
Fizeram tudo direito. Se aproximaram sem fazer nenhum barulho, chegaram por trás da velhinha e atiraram os três ao mesmo tempo. Todos clamavam pela mesma vingança. Caapora furou as costas da velhinha. Bicho Cabeludo disparou na cabeça. Lobisomem acertou no pescoço.
Contudo, a velhinha ainda virou-se e os encarou. Somente depois de receber no peito as balas das três espingardas é que aquele corpo ressequido caiu em cima do fogo.
Vingados e satisfeitos, os Rancorgues se afastaram deixando o corpo a queimar. Perto da sinistra fogueira, viram a foice brilhante, na qual não ousaram mexer.
E assim os irmãos Rancorgues mostraram a eles mesmos que, embora briguentos, eram unidos. Até mesmo na hora de vingar, faziam o serviço juntos.
Uma hora depois, eles já se encontravam na cabana. Nenhum deles pensou em continuar velando o corpo do irmão. Adimirzinho, morto pela velhinha, já havia ficado muito tempo fora da terra. Então decidiram escolher um lugar atrás da cabana e fazer o enterro naquele mesmo instante.
Contudo, não tiveram mais tempo de sequer colocar as pesadas mãos no cadáver. Antes que o fizessem, a porta se abriu repentinamente e os três voltaram os olhos esbulhados para ela. Não para a porta e sim para quem entrou por ela: A velhinha que haviam arrebentado há uma hora atrás.
A morte se aproximou. A surpresa os manteve indefesos e paralisados. Ela ergueu com as duas mãos sua pesada foice brilhante e de um golpe só decepou três cabeças que rolaram pelo chão da cabana.
Lá fora, o pobre Guanxuma ouviu as gargalhadas arrepiantes daquela que disse:
-Ignorantes! Acreditaram ter matado a morte!
fim
Texto: Osmar Batista Leal